O Museu do Folclore
de São José dos Campos realiza neste domingo (26), das 14h às 17h, ‘saberes’ da
cultura popular ligados à devoção de Cosme e Damião. Esse é o tema do Museu Vivo
do mês de outubro, uma atividade aberta ao público, realizada no Parque da
Cidade (Avenida Olivo Gomes, 100).
Participam desta
edição os ‘fazedores’ Alexandrina Bispo dos Santos, na culinária, Aparecida
Cristiane Oliveira, no artesanato, e José Fernando de Souza, na dança e na
música.
Manifestações em
devoção aos santos católicos Cosme e Damião (lembrados também pelo Candomblé e
pela Umbanda) são encontradas principalmente entre os meses de setembro e
outubro. Neste período, devotos têm o costume de distribuir balas às crianças e
fazer doces e comidas para cumprir promessas feitas aos
santos.
Alexandrina Bispo
já participou outras vezes do projeto e domingo vai mostrar seus conhecimentos
ao fazer uma canjica, ou munguzá, como é conhecida na Bahia. Foi lá que a
‘fazedora’ nasceu e aprendeu com a mãe adotiva a fazer a iguaria. “Naquela
época, o doce era feito nas festas de Cosme e Damião, em festas juninas e também
quando havia visita na casa”, conta ela.
Já adulta e morando
em São Paulo, Alexandrina deixou de lado as tradições, tanto religiosas como
culinárias. No entanto, graves problemas de saúde da sua primeira filha
levaram-na a fazer uma promessa a São Cosme e São Damião: se a menina
sobrevivesse passaria a fazer doces na festa dos santos. A filha se recuperou e
Alexandrina passou a agradecer a graça recebida fazendo o que havia
prometido.
A ‘fazedora’
Aparecida Oliveira, que quase morreu no parto de sua filha caçula, também
prometeu que faria uma festa aos santos por terem atendido ao seu apelo:
continuar viva para poder cuidar dos filhos. Desde então, as festas que faz para
São Cosme e São Damião são decoradas com bexigas e bandeirinhas de papel nas
cores branco, rosa e azul claro. As mesmas cores de fitas que Aparecida enfeita
atabaques utilizados na Umbanda, religião à qual ela está ligada desde criança e
onde conheceu a festa.
José Fernando e sua
esposa são, respectivamente, pai e mãe de santo no Candomblé. Na época das
festas de São Cosme e Damião eles distribuem doces e fazem um ‘xirê’ (festa ao
som de atabaques) para os santos gêmeos, denominados ‘Vungi’ ou ‘Ibeji’. No
domingo, durante o ‘Museu Vivo’, José Fernando vai mostrar como é esta festa e
falar sobre Candomblé, explicando o significado de cada orixá
presente.
O ‘fazedor’ também
nasceu na Bahia e, mesmo não sendo de família religiosa, desde pequeno foi
chamado para as festas de Cosme e Damião. “Lá, as comidas, que levavam dias para
ser preparadas por toda a comunidade, eram servidas no chão, sobre folhas de
bananeiras e mamoneiras”, lembrou José Fernando.
O Projeto Museu
Vivo é realizado mensalmente pelo Museu do Folclore de São José dos Campos,
sempre aos domingos, sob gestão do Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP),
organização social sem fins lucrativos que mantém convênio com a Fundação
Cultural Cassiano Ricardo (FCCR).
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